O Centro de Intervenção Comunitária do Brasil que foi inaugurado no ano transacto é fruto de uma parceria entre as Aldeias Infantis SOS de Cabo verde e a Fundação Cabo-verdiana de Solidariedade (FCS). Possui uma sala de informática com 5 computadores, sendo 4 para uso dos utentes, uma (1) biblioteca; (1) uma sala denominada «Mundo Infantil» que neste momento está a servir para auxiliar crianças com maiores dificuldades de integração e aprendizagem; e uma (1) sala para Atendimento psicológico. A equipa do Centro é composta por 3 Animadores Sócio-Culturais – Nelson, Tairine, e Maria de Fátima – uma estagiária – a Avelina – e finalmente pelo Coordenador de Centro, o Dr. Augusto Vaz.
Cerca de 20 famílias, o que perfaz cerca de 100 indivíduos são contempladas pelo Programa de Prevenção ao Abandono Infantil e de Reforço de Estrutura Familiar; 30 a 40 crianças frequentam o centro diariamente. No Bairro do brasil vivem cerca de dois mil e 320 pessoas sendo 1.166 (50,3%) de sexo masculino e 1.154 (46,7%). de sexo feminino.
Segundo O Coordenador, Dr. Augusto Vaz, uma das metas fundamentais para o Centro nos próximos meses é dar-lhe uma maior abertura com visitas regulares às casas das famílias e ás zonas do bairro onde os jovens costumam concentrar-se nos seus inúmeros momentos de ócio, de forma a fazer-lhes uma abordagem directa.
Uma das famílias contempladas pelo Programa de Prevenção ao Abandono Infantil e de Reforço de Estrutura Familiar é a Dona Maria Livramento que vive no bairro do Brasil desde sempre confrontando-se todos os dias com os intrincados e críticos problemas sociais e familiares. Na sua casa vivem cerca de 18 pessoas entre filhos e netos sendo a família mais numerosa daquela localidade. O seu marido, pescador, nunca está em casa em virtude da sua profissão. O seu mais velho, neste momento, não possui honorários dedicando-se, quando calha, há alguma actividade de carácter mais ou menos remuneratória.
Muito agradecida, a Dona M.º do Livramento afirma, em relação ao apoio do centro «Estou muito feliz porque agora com o centro fico com mais tempo para as minhas actividades que me podem dar algum dinheiro para casa. Agora já posso lavar e passar a ferro roupas para fora o que me está a trazer já algum rendimento.» Catiline, Nuriana, Elvis, Jailson, Juary que antes brincavam na vizinhança sujeitas aos perigos do bairro vão, agora, todos os dias para o centro comunitário, umas de manhã, outras à tarde, onde vão ter lições de explicação, actividades de lazer e ocupação de carácter educativo. «Desde que começaram a ir ao centro social, têm tido melhores notas na escola» confessou-nos a Dona M.ª Livramento, adiantando que «apenas Elvis (o filho que frequenta a 6.ª classe) tem tido alguma dificuldade em escrever bem as letras» tendo já o propósito de falar com o coordenador a propósito de um possível atendimento psicológico para a criança.
Questionado acerca dos seus métodos de gestão dos problemas e conflitos O Dr. Augusto Vaz foi afirmativo: « Neste momento, para alem do programa modular e coordenativo de Prevenção criamos um micro-programa denominado Relacionamento Interpessoal e Resolução de Conflitos, de forma a ajudar os meus colaboradores a ter uma melhor performance nessa matéria» adiantando que está a avaliar novas metodologias de intervenção a nível social uma vez que têm aumentado as demandas em relação ao centro social e a complexidade dos problemas também, à luz das últimas ocorrências. «Contudo, neste 1º ano demos conta que este projecto valeu a pena, e que a visão do SOS-FCS foi baseada num estudo sério, com base sustentada, porque pela resposta e pelo êxito obtido reiteramos: valeu a pena», rematou.